sexta-feira, 21 de outubro de 2011

E pra trabalhar naquele lugar...

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/994109-mcdonalds-e-convidado-a-explicar-denuncia-de-trabalho-escravo.shtml

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Educação e Qualidade

Não deveria nem comentar, pois não acredito muito nesses índices que medem uma suposta qualidade da educação, mas a notícia http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/escola+com+crianca+esperanca+e+affroreggae+e+a+pior+do+rio+no+ideb/n1597114039776.html não surpreende. Na verdade reforça uma impressão que tenho tido desde algum tempo: sozinha a escola não muda a sociedade. O que ocorre nessa escola, parece, é um excesso de "projetos" que nem sempre pretendem melhorar a educação, mas proporcionar certas coisas que as crianças, por serem pobres, não têm em casa, cultura. São até interessantes iniciativas desse tipo, mas não resolvem nada - às vezes até cavam um fosso entre as atividades culturais e aquelas que são tradicionalmente escolares, porque estas estão realmente ruins e aquelas são bem legais. Talvez seja necessário observar dois pontos, não sobre a escola em geral, mas sobre os professores: formação e salário, quem sabe melhorando essas duas coisas, hein?

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Ainda sobre eleição

Não deveria justificar porque não voto no candidato tucano. Mas fiz isso em postagens anteriores e farei, novamente, nessa. Talvez com um pouco mais de sentimentalismo. O fato é que, como funcionário público de São Paulo, não posso deixar de dizer quão danosos foram e têm sido os governos tucanos para o funcionalismo, em especial o desse senhor que fez (e faz) de tudo para ser presidente da república (lembrem-se que foi o mesmo que disse que não deixaria a prefeitura de São Paulo e depois de dois anos... Também é o mesmo que deixou o governo do estado. Aliás há um vídeo do José de Abreu que circula na Internet, no qual o ator diz que nem o mandato de presidente da UNE o candidato cumpriu...).
Desde que os tucanos começaram a governar São Paulo, temos assistido a um arrocho salarial do funcionalismo. Em especial, quando se trata de professores, parece que a coisa é pior. Levantamento do Dieese mostra que o salário do professor atualmente perdeu aproximadamente 70% do valor que tinha em 1980. Não se trata apenas do professor de educação básica. Também os de nível superior têm enfrentado a mesma política. Brinca-se, com piadas sobre os salários de docentes das universidades paulistas, que há 20 e tantos anos o salário mensal comprava um Chevette (zero) e agora compra também, o mesmo Chevette, de 20 e tantos anos. 
Engraçado, no entanto, é que se diz por aí que o salário mínimo será de 600 reais. Também se diz que o salário mínimo do estado de SP é maior que o da nação. É fato que o tucano candidato lançou um programa que se chama "piso salarial paulista" e que realmente esse piso é maior que o salário mínimo. Mas vejam que esse piso, o governo não paga para seus funcionários. É um piso que se aplica apenas à iniciativa privada. 
O tucanato deve nutrir um sentimento não muito legal com relação ao funcionalismo, não há outra explicação. Não é possível acreditar que um governo tucano vai melhorar a situação do país e a vida das pessoas se seus governos não dão condições mínimas de trabalho (e por que não, de vida, já que os salários não conseguem mais cobrir basicamente o que se paga para viver em SP. Basta ver a situação de professores que têm que acumular dois empregos para sobreviver mais dignamente - há aqueles que trabalham mais de 50 horas com alunos) para seus funcionários, que, vejam, também são pessoas. Ah! Sim, os funcionários também são seres humanos, não é? Eles também têm família, necessitam morar, comer, vestir, etc.
Será que é por isso que a carreira de professor não atrai mais ninguém?

terça-feira, 26 de outubro de 2010

A Arrogância do Seu Serra tá pegando nos seus colaboradores

Vejam: para os tucanos, todo mundo tem que falar igual a eles, ser do seu grupinho...

Repórter do NR e da RBA é ofendido por senador do PSDB

João Peres, nosso colaborador do NR e repórter da Rede Brasil Atual, profissional da mais alta competência teve ontem uma experiência desagradável e desrespeitosa.  Ele estava na cobertura do debate entre os presidenciáveis da Record, na noite de ontem, e na entrada da emissora, como todo repórter faz e é da profissão, foi conversar com os políticos que chegavam para acompanhar o evento.  O senador eleito por São Paulo, do PSDB, Aloysio Nunes, amigão do Serra, foi abordado pelo repórter que fazia a cobertura para a Rede Brasil Atual, que pertence ao mesmo grupo da Revista do Brasil, censurada recentemente pelo partido do senador em questão. Era perto da hora do debate, que começou às 23h, quando o senador eleito com mais de 11 milhões de votos indagou ao repórter:

- é ligada a quem essa revista?
- aos sindicatos
- que sindicatos? - falou a assessora do lado dele
- bancários, metalúrgicos, químicos...
- pelego, você é pelego - falou o senador
- não podemos conversar, senador?
- pelego. sua revista é financiada pelo PT...
- e a Veja, quem financia, senador?
- pelego
- que educação, senador
- pelego filha da puta. pelego filha da puta!

João me escreveu: "foi assim, gratuito. fiquei passado, triste mesmo. não que não devesse esperar isso, mas agora vai ser isso, vou ser rotulado logo de cara pelo veículo em que eu trabalho? ninguém associa a tucano-demo logo de cara um sujeito que trabalha na folha? uma noite horrível." Digo o seguinte: é preciso que os políticos respeitem o trabalho dos jornalistas. Esse clima de guerra entre PT e PSDB está doentio. João Peres é um trabalhador, um empregado de um veículo que, sim, tem ligações com os sindicatos. E daí? Isto é público e notório. Nada está escondido. Pergunto ao distinto senador: todos os metalúrgicos, químicos e afins são "filhos da puta", então? Eu sou "filho da puta" também, pois apesar de não ser petista, trabalhei na revista durante um ano. Eis mais um absurdo que se tornou estas eleições. Lastimável.
"A Editora Atitude, que publica os dois veículos (Rede Brasil Atual e Revista do Brasil), condena a postura do senador eleito e entende que liberdade de expressão não é agredir verbalmente quem está em seu direito constitucional de exercer a liberdade de imprensa, muito menos a função de um representante de um Estado no Senado Federal", diz o diretor da editora, Paulo Salvador.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Demissão da jornalista/psicanalista

Na postagem anterior disse que o Estadão fez bem em declarar quem apoia nas eleições. Mas esqueci de dizer que acho condenável demitir alguém porque tem uma opinião contrária à do jornal.
É, no mínimo, bem interessante gritar pelos ventos que se está censurado a não sei quantos dias e usar da mesma artimanha e calar a voz da psicanalista Maria Rita Kehl que escreveu contrariamente à posição do jornal. Também bem interessante é o fato do jornalão falar o tempo todo de uma possível regulação da imprensa, que isso é quebra da liberdade, etc, etc. e não deixar alguém expressar sua opinião. 
Abaixo o link de uma entrevista dada por Maria Rita Kehl ao Terra Magazine: 

Os jornais e a posição política

Editorial do Estado declarou apoio ao candidato tucano. Bom, muito bom mesmo. Acho, também, uma atitude digna. Não há porque se esconder atrás da inexistente neutralidade. É bom que a grande mídia diga de que lado está. Dessa forma, podemos perceber mais claramente as escolhas, as manchetes, as tendências no modo de apresentar os fatos (as notícias?), etc. 
Quem quiser ler o editorial, o link está aqui: http://www.estadao.com.br/noticias/geral,editorial-o-mal-a-evitar,615255,0.htm. Lá pode-se ler além do apoio aberto ao tucano, uma crítica ao governo petista. Acho que tal crítica é impulsionada pelo que a grande imprensa vem chamando de censura, ou volta dela, além da posição que o jornal assume. Ou seja, não se pode ser contra um governo se não se tem nada contra ele.
Muito bem, pois quero frisar, que para mim, o mal a evitar é justamente o contrário do que diz o editorial do Estado. Não gosto de colocar as coisas assim tão dicotimizadas, bem ou mal, amor e ódio. Enfim, parece coisa de novela global. No entanto, já que as coisas são postas dessa forma, males que não gostaria de ver (repetidos ou não): a privatização desmedida, a precarização dos salários do funcionalismo, o sucateamento das universidades federais, o alinhamento incondiconal com políticas neoliberais, o DEM no poder, o estado mínimo, o engessamento das mobilizações populares, ufa! e poderia seguir a lista.
Assim como faz o Estadão, que declara apoio ao tucano não pelo que ele pode fazer pelo país, mas por ser contra o governo petista, declaro que sou contra os governos tucanos e que por isso voto na continuidade do PT no poder.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Um texto

Abaixo texto que teria provocado a demissão da jornalista do Estadão. Há também os que dizem que não foi demitida, mas que está proibida de escrever sobre política...

Dois pesos...

02 de outubro de 2010 | 0h 00
Maria Rita Kehl - O Estado de S.Paulo
Este jornal teve uma atitude que considero digna: explicitou aos leitores que apoia o candidato Serra na presente eleição. Fica assim mais honesta a discussão que se faz em suas páginas. O debate eleitoral que nos conduzirá às urnas amanhã está acirrado. Eleitores se declaram exaustos e desiludidos com o vale-tudo que marcou a disputa pela Presidência da República. As campanhas, transformadas em espetáculo televisivo, não convencem mais ninguém. Apesar disso, alguma coisa importante está em jogo este ano. Parece até que temos luta de classes no Brasil: esta que muitos acreditam ter sido soterrada pelos últimos tijolos do Muro de Berlim. Na TV a briga é maquiada, mas na internet o jogo é duro.
Se o povão das chamadas classes D e E - os que vivem nos grotões perdidos do interior do Brasil - tivesse acesso à internet, talvez se revoltasse contra as inúmeras correntes de mensagens que desqualificam seus votos. O argumento já é familiar ao leitor: os votos dos pobres a favor da continuidade das políticas sociais implantadas durante oito anos de governo Lula não valem tanto quanto os nossos. Não são expressão consciente de vontade política. Teriam sido comprados ao preço do que parte da oposição chama de bolsa-esmola.
Uma dessas correntes chegou à minha caixa postal vinda de diversos destinatários. Reproduzia a denúncia feita por "uma prima" do autor, residente em Fortaleza. A denunciante, indignada com a indolência dos trabalhadores não qualificados de sua cidade, queixava-se de que ninguém mais queria ocupar a vaga de porteiro do prédio onde mora. Os candidatos naturais ao emprego preferiam viver na moleza, com o dinheiro da Bolsa-Família. Ora, essa. A que ponto chegamos. Não se fazem mais pés de chinelo como antigamente. Onde foram parar os verdadeiros humildes de quem o patronato cordial tanto gostava, capazes de trabalhar bem mais que as oito horas regulamentares por uma miséria? Sim, porque é curioso que ninguém tenha questionado o valor do salário oferecido pelo condomínio da capital cearense. A troca do emprego pela Bolsa-Família só seria vantajosa para os supostos espertalhões, preguiçosos e aproveitadores se o salário oferecido fosse inconstitucional: mais baixo do que metade do mínimo. R$ 200 é o valor máximo a que chega a soma de todos os benefícios do governo para quem tem mais de três filhos, com a condição de mantê-los na escola.
Outra denúncia indignada que corre pela internet é a de que na cidade do interior do Piauí onde vivem os parentes da empregada de algum paulistano, todos os moradores vivem do dinheiro dos programas do governo. Se for verdade, é estarrecedor imaginar do que viviam antes disso. Passava-se fome, na certa, como no assustador Garapa, filme de José Padilha. Passava-se fome todos os dias. Continuam pobres as famílias abaixo da classe C que hoje recebem a bolsa, somada ao dinheirinho de alguma aposentadoria. Só que agora comem. Alguns já conseguem até produzir e vender para outros que também começaram a comprar o que comer. O economista Paul Singer informa que, nas cidades pequenas, essa pouca entrada de dinheiro tem um efeito surpreendente sobre a economia local. A Bolsa-Família, acreditem se quiserem, proporciona as condições de consumo capazes de gerar empregos. O voto da turma da "esmolinha" é político e revela consciência de classe recém-adquirida.
O Brasil mudou nesse ponto. Mas ao contrário do que pensam os indignados da internet, mudou para melhor. Se até pouco tempo alguns empregadores costumavam contratar, por menos de um salário mínimo, pessoas sem alternativa de trabalho e sem consciência de seus direitos, hoje não é tão fácil encontrar quem aceite trabalhar nessas condições. Vale mais tentar a vida a partir da Bolsa-Família, que apesar de modesta, reduziu de 12% para 4,8% a faixa de população em estado de pobreza extrema. Será que o leitor paulistano tem ideia de quanto é preciso ser pobre, para sair dessa faixa por uma diferença de R$ 200? Quando o Estado começa a garantir alguns direitos mínimos à população, esta se politiza e passa a exigir que eles sejam cumpridos. Um amigo chamou esse efeito de "acumulação primitiva de democracia".
Mas parece que o voto dessa gente ainda desperta o argumento de que os brasileiros, como na inesquecível observação de Pelé, não estão preparados para votar. Nem todos, é claro. Depois do segundo turno de 2006, o sociólogo Hélio Jaguaribe escreveu que os 60% de brasileiros que votaram em Lula teriam levado em conta apenas seus próprios interesses, enquanto os outros 40% de supostos eleitores instruídos pensavam nos interesses do País. Jaguaribe só não explicou como foi possível que o Brasil, dirigido pela elite instruída que se preocupava com os interesses de todos, tenha chegado ao terceiro milênio contando com 60% de sua população tão inculta a ponto de seu voto ser desqualificado como pouco republicano.
Agora que os mais pobres conseguiram levantar a cabeça acima da linha da mendicância e da dependência das relações de favor que sempre caracterizaram as políticas locais pelo interior do País, dizem que votar em causa própria não vale. Quando, pela primeira vez, os sem-cidadania conquistaram direitos mínimos que desejam preservar pela via democrática, parte dos cidadãos que se consideram classe A vem a público desqualificar a seriedade de seus votos.