quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Pena Branca

A semana começou com uma grande tristeza para os apreciadores de música brasileira. O Brasil perdeu uma de suas grandes vozes. Pena Branca faleceu com 70 anos. Fica aqui nesse blog a nota de pesar.
Não há muito o que falar, quem conhece certamente sabe que era realmente uma grande voz, quem não conhece deveria conhecer. Nas músicas cantadas por ele, seja em carreira solo ou em parceria com seu irmão (que também morreu, em 1999) Xavantinho, há diversas aulas de Brasil, o Brasil alegre, mas também o Brasil triste da desigualdade, da seca, do preconceito... Pena Branca foi, com certeza, muito mais do que uma voz, talvez tenha sido representante de um gênero musical que não existe senão com ele (e com a dupla que se dissolveu com a morte de Xavantinho).
Deixa um vácuo que talvez não seja ocupado por mais ninguém.
Adeus, Pena Branca!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Jornalismo e língua

Reportagem de jornal local (JJ - Jundiaí-SP de 31 de janeiro de 2010) não poderia ser tão oportuna para demonstrar o quão desinformados estão alguns jornalistas quando o assunto é língua. Como em muitas outras, o tema desta era a reforma ortográfica em implementação nos países de língua portuguesa. A jornalista desfilou em seu texto um festival de chavões. Um deles é bem conhecido, trata-se de afirmar direta ou indiretamente que o Acordo Ortográfico traz mudanças para a língua. Não há afirmação mais equivocada sobre o assunto. A língua não muda e não mudará por força de lei. As mudanças que ocorrem na língua se dão por motivos sociais, históricos, geográficos, étnicos... não há, portanto, mudança decretada por governos. Tenho, porém, de esclarecer um ponto que pode prejudicar a leitura e o entendimento do que estou escrevendo. Digo que o Acordo não muda nada na língua por um motivo bem óbvio, ele é um acordo ortográfico, o que quer dizer que atinge a forma como escrevemos as palavras, como as acentuamos... regras, portanto de escrita. E, pasmém, a escrita não é a língua, mas uma representação dela. Escrita e língua não são a mesma coisa, taí uma das coisas que os jornalistas deveriam aprender de uma vez por todas. Talvez se lessem alguns livros de linguística compreendessem isso, né? Um exemplo bem simples, mas que talvez funcione bem é a palavra menino. Por que insistimos em falar algo como mininu e temos que escrever menino? Porque para a escrita mudar é preciso que "sábios" no assunto se reúnam e digam se é possível mudá-la. Já quando se usa a língua, não. Neste caso, as mudanças aparecem de acordo com os interesses de uma sociedade, de um grupo,etc. Vejam, por exemplo, a eliminação dos plurais redundantes no português falado por classes mais pobres da sociedade (é nóis na fita, saí com duas mina na mesma noite). Assim, não quer dizer que com a supressão do trema saiamos por aí falando algo como SINKENTA (cinquenta sem a pronúncia do u).
Voltemos aos chavões da reportagem. Outro daqueles: "as mudanças representam apenas 0,5% das palavras do vocabulário brasileiro". Não, minha cara jornalista, o Acordo não muda as palavras, mas a grafia delas.
Para terminar, o Acordo "tem a intenção de tornar a língua portuguesa mais forte", como é que se faz isso? Dá vitamina para ela?