sábado, 29 de maio de 2010

Propagandas

Contradição em propaganda institucional deveria ser encarada como um pecado mortal! A prefeitura de  Jundiaí tem veiculado nas TVs locais uma que divulga o programa educacional do município. Uma das coisas que são enaltecidas é a instituição da escola de tempo integral. Bem no final da propaganda, a garota que divulga as inovações diz algo como agora também temos a escola de tempo integral. E o texto da propaganda é fechado pela última fala da garota: porque o objetivo não é só passar de ano, mas aprender. Quer dizer que as escolas que não são de tempo integral não conseguem fazer aprender?
Talvez (mas acho que é uma interpretação branda...), essa última fala quisesse se referir anaforicamente ao programa educacional como um todo, mas escorrega quando é colocada logo após à fala sobre a escola de tempo integral. É como se só essa modalidade de ensino fosse a mais importante inovação, e a única capaz de fazer aprender.

Outro fato: a propaganda também diz que as crianças terão dois professores em sala. Até onde sei, esse segundo professor,é um estagiário de faculdades da região. Tecnicamente não são ainda professores...

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Menos de

Manchete do Jornal de Jundiaí de 27 de maio trazia a seguinte afirmação: menos da metade das escolas avaliadas é aprovada. Ler a manchete e depois o texto servem para vermos como se pode perceber que um texto nunca pode ser lido como imparcial. Tudo bem que as duas coisas não combinavam (texto e manchete). Foi mesmo um erro, eu acho, mas dá pra entender como são feitos os textos para chamar a atenção de um aspecto. 
Disse que texto e manchete não combinavam porque os números que o texto trazia desmentiam a manchete. Na verdade de 36 escolas avaliadas 15 não teriam sido aprovadas no exame do Governo de S. Paulo. Isso não totaliza mais da metade, fazendo com que o restante (21) seja menos da metade. Mas, ignoremos o erro. E vejamos que tipo de pista nos dá uso do menos
Ao usar menos o foco da leitura deve recair sobre essa palavra. Então, "menos da metade é aprovada" é uma forma de colocar em evidência que as escolas da cidade não andam bem... Se usasse outra palavra quase, por exemplo, o foco em quase faria com que a posição do texto em relação ao fato também se alterasse, estaria amenizado o fato de metade das escolas ter sido reprovada. 
Mas voltando ao erro, aquele que escreveu poderia utilizar um recurso parecido e que garantiria também seu posicionamento sem falsear os números: quase metade das escolas é reprovada. Aqui o foco recairia sobre quase, mas o restante da frase garante que é um registro negativo sobre o fato.