Poderia começar comentando a greve dos professores do estado de S. Paulo, da qual não estou participando por um motivo bem óbvio: estou afastado das minhas aulas. Obviamente se não estivesse, estaria engrossando o caldo do descontentamento. De qualquer forma deixo aqui registrado meu repúdio contra um punhado de atitudes dessa gestão, em especial a política salarial, que praticamente congelou o salário inicial. Repudio também declarações que andaram surgindo, como "é uma greve política". Ora pois, qual não é?
O que vou comentar, na verdade, é uma nota de comemoração que se encontra no site da secretaria de educação. Trata-se de um aluno que representará o estado de sp no quadro soletrando de um programa de televisão global. Não sei se concordo com uma nota desse tipo, talvez por uma questão simples: participar de um programa global não quer dizer muita coisa. Na verdade, talvez até atrapalhe a vida de muita gente que, despreparada para enfrentar a "fama repentina" acaba metendo os pés pelas mãos.
Obviamente que acho que a família do garoto, ele próprio, quem sabe até sua escola devam comemorar bastante, o que não quer dizer idolatrar, que fique bem claro. Mas daí a uma secretaria comemorar, acho estranho, porque me parece que se trata de um conhecimento (soletrar) individual, que talvez nem tenha muito a ver com o sucesso de um modelo de escola. De certa forma é fazer cortesia com chapéu alheio. E nesse caso fazer a cortesia errada.
Acho que um programa desse tipo não ajuda em muita coisa. Soletrar é uma técnica que se adquire, dentre outras coisas (como a memória sequencial, p. ex.) pelo domínio de um campo da escrita, especificamente o ortográfico que, diga-se de passagem, é o menor dos males enfrentados pela escola atual.
Ortografia é convenção, para se escrever de acordo com a ortografia vigente deve-se, de certa forma, decorar o que se convencionou. Nao se trata, portanto, de um conhecimento linguístico. Saber que cicuta se escreve com "c" talvez não demonstre que o aluno saiba escrever e ler adequadamente. Cito casos do tempo da cartilha. Era bem comum os meninos daquela época escreverem todas as palavras corretamente, mas não quer dizer que escrevessem bons textos. Acho que "o boi baba" é uma frase típica desse período. Era, pois, muito comum o texto cartilhesco, uma sequência de frases desconectadas, mas todas corretas, sem nenhum problema ortográfico. Ora, é isso um bom texto?
A secretaria ainda classifica o quadro do programa como um "desafio de língua portuguesa". É mesmo? Não seria um desafio de ortografia?
O que vou comentar, na verdade, é uma nota de comemoração que se encontra no site da secretaria de educação. Trata-se de um aluno que representará o estado de sp no quadro soletrando de um programa de televisão global. Não sei se concordo com uma nota desse tipo, talvez por uma questão simples: participar de um programa global não quer dizer muita coisa. Na verdade, talvez até atrapalhe a vida de muita gente que, despreparada para enfrentar a "fama repentina" acaba metendo os pés pelas mãos.
Obviamente que acho que a família do garoto, ele próprio, quem sabe até sua escola devam comemorar bastante, o que não quer dizer idolatrar, que fique bem claro. Mas daí a uma secretaria comemorar, acho estranho, porque me parece que se trata de um conhecimento (soletrar) individual, que talvez nem tenha muito a ver com o sucesso de um modelo de escola. De certa forma é fazer cortesia com chapéu alheio. E nesse caso fazer a cortesia errada.
Acho que um programa desse tipo não ajuda em muita coisa. Soletrar é uma técnica que se adquire, dentre outras coisas (como a memória sequencial, p. ex.) pelo domínio de um campo da escrita, especificamente o ortográfico que, diga-se de passagem, é o menor dos males enfrentados pela escola atual.
Ortografia é convenção, para se escrever de acordo com a ortografia vigente deve-se, de certa forma, decorar o que se convencionou. Nao se trata, portanto, de um conhecimento linguístico. Saber que cicuta se escreve com "c" talvez não demonstre que o aluno saiba escrever e ler adequadamente. Cito casos do tempo da cartilha. Era bem comum os meninos daquela época escreverem todas as palavras corretamente, mas não quer dizer que escrevessem bons textos. Acho que "o boi baba" é uma frase típica desse período. Era, pois, muito comum o texto cartilhesco, uma sequência de frases desconectadas, mas todas corretas, sem nenhum problema ortográfico. Ora, é isso um bom texto?
A secretaria ainda classifica o quadro do programa como um "desafio de língua portuguesa". É mesmo? Não seria um desafio de ortografia?