sábado, 7 de agosto de 2010

Turistas e a maldição das fotos

Num dos passeios que fiz aqui em BsAs (Jardim Japonês, para ser mais específico), fui interpelado por uma moça para que tirasse uma foto dela com mais duas pessoas. Evidenciou-se, é claro, minha falta de traquejo com o aparelho, que na verdade era um celular. Perguntei-lhe onde apertava para tirar a foto e ela me instruiu. Tirei a foto e todos eles agradeceram. Juro que não me importei com isso, e não me importaria em fazê-lo novamente.
O que me importa é o fato de que as fotos tenham virado praga. Explico-me. Uma das coisas que sempre faço, e que, por estar aqui sozinho, venho fazendo com mais frequência, é observar tipos. Talvez seja uma obsessão em notar regularidades em pessoas, tentando provar pra mim mesmo que há poucos tipos, e que, sendo assim, as pessoas são bem parecidas entre elas, embora façam de tudo para parecer diferentes. Vamos a alguns episódios "fotográficos".
Com o aparecimento das máquinas digitais e celulares "faz tudo" as pessoas passaram a fotografar cada vez mais. E isso, no meu ponto de vista, se transformou numa espécie de maldição. Parece que as pessoas não saem mais para se divertir, ou para conversar, ou para namorar, mas para tirar fotos. Hoje, no momento em que estava sentado no terraço de uma galeria próxima à feira e ao cemitério da Recoleta, chegou um casal jovem com uma máquina em punho. O rapaz tirou umas quatro fotos da moça numa mesma posição, em ângulos quase idênticos. O sorriso no rosto dela, era o mesmo, armado, exatamente como faz minha filhinha Sophia, de três anos, ultimamente - mostrando forçadamente os dentes. Depois, a cena se repetiu com troca de papéis. Fiquei um momento sem observá-los e saí do local. Depois de uns dez minutos voltei e fiquei caminhando pelo espaço comum que há ali  próximo ao Hard Rock Cafe. Encontrei-os novamente e... câmera em punho, o rapaz tirava fotos da moça apontando para a logomarca do estabelecimento referido. Juro que não consigo entender o motivo de tantas fotos, não tinha nada ali que justificasse, o lugar era exatamente igual a qualquer outro do mesmo tipo. Valha-me Deus.
Um pouco antes, visitei uma igreja, colada no cemitério, por dentro muito bonita, por sinal, com adornos dourados em vários espaços. Entrei, sentei e fiquei ali por uns quinze minutos. Parecia entrevista do Lula,  dada a quantidade de flashes disparados, mas com um agravante, cinco ou seis câmeras. De novo o exagero, cinco ou seis fotos do altar, mais uma filmagem (de uma coisa parada...) e mais um tanto de fotos de outro espaço... Haja HD pra guardar tudo isso... Fico quase envergonhado de estar carregando uma câmera comigo...

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