quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Dois textos. Uma questão discursiva

A RCC é um dos movimentos que obtiveram mais espaço na atual igreja católica. Esse grupo publica uma revista, tem uma TV, todas com o mesmo nome "Canção Nova". Li, por curiosidade, duas dessas revistas, essencialmente, os artigos publicados por um dos fundadores do movimento. Esses dois artigos, sinceramente, deixaram-me, no mínimo, preocupado. No primeiro, o fundador da "Canção Nova" discute como foi motivado a evangelizar os jovens. Até aí tudo bem, evangelizar é a função de qualquer tendência da igreja (embora pareça razoável discutir o que é evangelizar para cada uma das tendências). A coisa degringola quando o autor passa a dizer que eles (da Canção Nova) foram esclohidos por Deus, e pior: primeiro. Então há um povo escolhido? Assim como haveria supostamente para os arianos uma raça pura? Estranho, não?
Num segundo artigo, a palavra do fundador trata de como a música (a Canção Nova) é essencial na evangelização. Novamente nenhum problema. É fato que a música nas igrejas, há muito tempo, ocupa lugar especial (vejam por exemplo os cantos gregorianos), o problema do texto é outro e de outra ordem. Lá pelo final do texto, o autor revela sua posição diante do que ele considera as outras músicas. O que fica claro é que não há nenhuma hipótese de se aceitar as outras músicas, visto que fica dito no texto que é preciso execrá-las, expurgá-las. Ora que posição é essa senão aquela que historicamente proibiu, queimou, censurou livros e outras produções culturais. É preciso ter cuidado.
Fica latente, portanto, uma posição discursiva conservadora, já que não se aceita o diferente, a diversidade. E com uma máscara de venham a mim, celebra-se, na verdade, a segregação... da pior espécie.

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